Por que estudar o Futuro?

Explorando o Futuro

O futuro não se pode prever. Aqueles que se predispõem a revelá-lo, não merecem crédito por parte dos futuristas. Ninguém sabe com total clareza ou certeza o que irá acontecer no futuro. Entretanto, a sua imprevisibilidade fundamental não significa que não nos devemos preocupar com ele e meramente apostar na sorte, na providência divina ou no destino. É preciso se preparar para navegar no mar turbulento das crises e incertezas. Isso significa que precisamos ter um olhar mais abrangente com relação ao futuro. Apesar de uma franca evolução Os Estudos do Futuro têm sido erroneamente interpretados como uma ciência de se fazer previsões. A resposta a essa visão distorcida é a atual expansão dessa área como disciplina acadêmica e como campo de conhecimento. Dentro dessa nova realidade, a proposta essencial da atividade dos futuristas tem sido manter ou aprimorar o bem estar da humanidade e a capacidade de auto sustentação da sociedade, através de uma constante exploração de alternativas, que são denominadas por futuros alternativos. Através de um pensamento prospectivo, os futuristas trabalham para criar novas imagens do futuro, explorando o possível, estudando o provável e avaliando o preferível. O possível, o provável e o preferível – esses são campos que os futuristas procuram sempre conhecer e explorar.

O presente é também um importante campo de estudo para os futuristas, porque a ação que se dá no presente é o que dá forma ao futuro. Portanto, as condições do presente devem ser estudadas, já que o pensamento de futuro envolve amplamente o que se deve fazer agora, que passos devemos tomar para criar um futuro desejado, tendo em vistas as condições do presente e as esperanças no futuro.

Uma ampla literatura e uma rica série de metodologias hoje permeiam os Estudos do Futuro e esclarecem melhor esse campo de estudo, atenuando a sua complexidade. Em primeira instância pode parecer difícil estudarmos algo que não existe, e é claro, o futuro não existe. Entretanto, os futuristas tem respondido de diversas formas a esse desafio. Afinal de contas, eles não são os únicos a lidar com o intangível. Os campos da arte, da estética, da lei, da religião, da ética também envolvem fenômenos não-naturais, mas a sua contribuição para o desenvolvimento humano é inegável. Para muitos, o futuro ainda é uma abstração. Enquanto imagens estereotipadas do futuro ainda permanecem na c cultura popular, existe um grupo crescente de estudiosos levando a sério a sua potencialidade, disponibilizando estudos que possam influenciar na tomada de decisões em todos os setores da sociedade.

É preciso estudar o futuro para podermos, através de imagens e projeções, criar uma plataforma que sustente uma sociedade desejada e sustentável.

Pensamento a longo prazo ou Administração de Crises?

Pensar longe tornou-se uma necessidade estrutural às sociedades em transição. É preferível planejar o futuro a gerenciar crises, já que essas são caras e traumáticas. Temos o exemplo de nossa atual crise energética. Como ela poderia ter sido evitada se já tivesse sido implantando um plano sistemático de futuro? Antecipar eventualidades, preparar-se para as contingências, explorar novas alternativas. Esses são os caminhos mais saudáveis para lidarmos com as mudanças.

Um novo campo do conhecimento

De acordo com o futurista australiano Richard Slaughter, a falta de um pensamento prospectivo na sociedade é um dos principais fatores que não potencializam a adaptação as mudanças. Uma sociedade industrial como a nossa não pode caminhar sem a luz do planejamento de longo prazo num momento de instabilidade como o atual.

A falta de um pensamento de futuro faz com que sociedades industriais em desenvolvimento, como a brasileira, estejam caminhando cegamente para um período de extrema instabilidade, dificultando a tomada de decisões estratégicas de forma efetiva. É preciso criar um pensamento coletivo com perspectiva de futuro para se conduzir uma série de ações vitalmente importantes, tais como planejamento, aconselhamento, estabelecimento de prioridades, aprendizagem dos que decidem, conscientização dos receptores dessas decisões, informação pública, e assim por diante. Essas ações são tão importantes que não podem ser deixadas ao acaso. Devem ser sistematicamente trabalhadas dentro das estruturas da política, da sociedade e da cultura.

Não podemos culpar apenas os padrões vigentes de pensamento ou a cultura popular, que através de mídia dissemina estereótipos banalizadores do futuro. O que falta é entendimento do que pode ser o futuro como uma alternativa que deve ser imaginada, desenvolvida e vivida. Não há dúvidas de que o campo educacional é o canal no qual essas questões podem ser tratadas dentro de um universo de aprendizagem.

As metodologias

Muitos são os métodos utilizados nos Estudos do Futuro, de técnicas de amostragem a analises estatísticas, coleta de dados, pesquisas de opinião, técnicas participativas. É importante obtermos uma descrição e uma analise de tendências passadas e condições do presente numa base de projeção e construção do futuro.

Existe uma importante dicotomia entre métodos que têm objetivos qualitativos e quantitativos. Algumas questões só podem ser tratadas de forma quantitativa, como por exemplo o futuro da população brasileira. Por outro lado, os métodos qualitativos poderão contribuir para uma discussão que por exemplo envolva a ética parlamentar. Entretanto, em muitas situações, ambas as abordagens se complementam. Uma outra importante distinção deve ser feita entre o que é normativo e o que é exploratório. O método exploratório estuda o futuro a partir de onde estamos no presente. Por exemplo, o que poderia acontecer nas relações de trabalho partindo do sistema atual? Ao contrário, o método normativo questiona o que poderia acontecer se tivermos uma meta estabelecida?

Existem hoje mais do que 17 métodos aplicáveis a diversas finalidades. Entre elas, técnicas de extrapolação, estatística, brainstorming, desenvolvimento de cenários, simulação, analogia histórica, análise de tendências, análise de cruzamento de impactos, mapeamento contextual, modelos operacionais, monitoramento.

Deixe um comentário